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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Uma pausa, um assalto.

O post de hoje nada tem a ver com o meu tratamento do câncer da tireoide.
Na verdade, hoje aconteceu uma coisa que me deixou, sei lá... Não sei mesmo. 
Fiquei desnorteada.


Como eu disse lá no primeiro post, eu trabalho perto de casa, porque queria uma qualidade de vida melhor, com mais tempo pra viver e não só trabalhar.


E eu costumo ir trabalhar de bicicleta. Hoje eu não fui. Era o dia da confraternização de fim de ano no escritório e o expediente encerraria mais cedo.


Acordei bem, em meio a tudo, acordei de bom humor e feliz. Disposta para enfrentar o dia. Pelo menos eu achava isso.


Peguei minha câmera digital, coloquei na bolsa e saí. Antes de chegar ao portão, voltei pra pegar um casaco porque o tempo estava nublado. Dei bom dia pra vizinha do prédio e comentei sobre o tempo.


Andei até o ponto do ônibus. Esperei um pouco. O ônibus chegou, eu entrei, cumprimentei cobrador e motorista com bom dia, me sentei e aguardei o breve caminho que o ônibus faria até o meu destino, um quarteirão antes do escritório.


Esperei o sinal fechar, atravessei a rua, segui pela calçada e fiquei pensando no dia. Como seria o sorteio dos brindes da confraternização, o almoço.


Duas mulheres passaram por mim, indo no sentido oposto ao meu. 


Eram 9h, ou quase... Vi que uma senhora vinha andando também no sentido oposto ao meu e na outra calçada.


Percebi uma moto indo na mesma direção que a minha, com um rapaz e um menininho de uns 7 ou 8 anos no máximo, uniformizado.


A moto ia devagar, como se procurasse um endereço ou coisa assim. 


Não percebi nada de estranho. A moto atravessou a rua e parou no meio da calçada uns metros a minha frente.


O homem desceu. Achei que tivesse encontrado o endereço e que ia tocar a campanhia.


Ledo engano. Ele veio em minha direção, apontou uma arma e pediu minha bolsa.


Era um assalto.


O primeiro da minha ainda breve vida.


Eu não entendi bem o que estava acontecendo naquele momento. 


Era real aquilo? Um cara que levava uma criança me assaltando e armado? A 50m do meu trabalho? Numa rua residencial que costuma ter "velhinhos" simpáticos varrendo a rua, pessoas indo em direção ao ponto do ônibus onde desci, crianças soltando pipa.


Hoje tava vazia, é verdade, mas não deserta. E ele tava com uma criança. UMA CRIANÇA!


Demorei um pouco a entregar a bolsa e ele pediu de novo.


Minha atenção tava toda naquele "cano" redondo apontado em minha direção.


Eu acho que naquele momento eu nem respirei. Entreguei a bolsa e continuei andando na mesma direção, tão surreal aquele momento tava sendo.


Ele imediatamente mandou eu ir pro outro lado. Ele repetiu: pro outro lado. 


Me virei e fui. Chegando na esquina que eu havia acabado de passar, me dei conta do que aconteceu e chorei. Me desesperei. Me assustei. 


Fui até o ponto pedir ajuda. A banca tava aberta, a vida tava lá, normal. Todo mundo seguindo sua rotina...


Pedi a um senhor que me acompanhasse até o meu trabalho. Eu não teria coragem de voltar sozinha. E as chaves de casa e do trabalho estavam na bolsa. E o celular. Eu não tinha como avisar.


Esse senhor que eu me dirigi enquanto chorava sem saber exatamente o porquê, (por causa do assalto, sim, mas talvez por que nada tinha acontecido comigo também. Não sei exatamente...), ele disse que não poderia me ajudar que estava aguardando a sua condução.


Aquelas duas mulheres que haviam acabado de passar por mim, estavam lá e vieram me ajudar.


O marido de uma delas, não sei o porque, parou de carro lá, naquele momento e ela na mesma hora pediu que ele me levasse ao escritório.


Agradeço a Deus pela bondade dessas pessoas. E peço que Deus agradeça por mim, o que eu não pude agradecer...


Ele me levou e esperou eu entrar.


A minha amiga que trabalha comigo, abriu o portão e imediatamente me perguntou o que havia acontecido. Me mandou sentar, me deu água e pediu pra que eu me acalmasse. 


Começou a tentar ligar pro meu esposo. Disse pra eu me acalmar porque tudo ia ficar bem e o mais importante era não ter acontecido nada comigo.


Eu só chorava...


Ela teve a sensibilidade de entender e ao mesmo tempo ser prática.


Ligou e cancelou meu celular, o vale transporte. Pediu que eu ligasse pro banco e cancelasse os cartões. Eu fiz. Sem saber como. 


Eu sei que isso, infelizmente, acontece o tempo todo e não é o fim do mundo. 


Mas pra mim foi uma novidade. E não estou num momento muito tranquilo pra simplesmente pensar que é assim mesmo...




Enfim, avisei minha família que não acreditasse caso alguém ligasse falando qualquer coisa a respeito de mim...


Fui a delegacia acompanhada da minha irmã, fiz o B.O., meu marido veio do trabalho pra ficar comigo.


Enfim, voltei ao trabalho, pra confraternização e pra me distrair um pouco.


Voltei pra casa e quis escrever um pouco pra esvaziar sei lá o que... 


É isso!


Agradeço a Deus pelo livramento. Bens materiais a gente fica chateado de perder, mas isso a gente compra, já a nossa vida, não há dinheiro que pague.


Mais uma vez, agradeço pela família e amigos que tenho e pelo meu marido, que cuida tão bem de mim e sabe me acalmar e me fazer entender a vida. Amo demais!


E pra quem quer que leia esse post, fica a dica.


Sua vida é mais importante. É clichê, mas não reaja. Faça o que tem que ser feito e confie em Deus. E preserve sua família e amigos, que nesses momentos, são eles os anjos que Deus usa aqui na Terra pra nos apoiar.






E mais uma estatística para o noticiário... E vida que segue. 








2 comentários:

  1. Já passei por isso e sei como traumatiza. Volte a escrever aqui, você tem uma forma de escrever envolvente. Amei!

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  2. Olá Gerlane. Obrigada pelo carinho. Tô voltando. :)

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